Era uma vez, uma Serra que nos deliciou com a sua Mata Encantada… havia um Palácio, um Convento, um Museu Militar, uma Cerca com as Portas de Coimbra, jardins, fontes e miradouros, lagos e cascatas, capelas e cruzeiros, trilhos e muita vida animal e vegetal!!

E apesar de ser Inverno e com a previsão da chegada da depressão Glória para este dia, decidi mesmo assim ir passear e então convidei as amigas!! Supostamente, após ter consultado vários sites de meteorologia, a tempestade era seca com rajadas de vento… mas o dia era de sol e céu limpo… e felizmente, o sol brilhou, não se viu uma única nuvem no céu, intensamente azul e o vento raramente se sentiu!!
É um sítio que sempre ouvi falar e as imagens falam por si quando pesquisamos sobre a Mata do Buçaco!! As amigas alinharam no passeio e lá fomos nós!! Saímos de casa por volta das 9h30 para fazer uma viagem de 130 km até à Serra, bem agasalhadas, calçado para caminhar, e claro, farnel para o piquenique!!
O caminho é fácil para quem vai do norte, a maioria do trajecto é em auto-estrada, em direcção à Mealhada e demorou cerca de duas horas a lá chegar, com paragem na estação de serviço!!
O Google.Maps (offline), levou-nos até à entrada da Mata e aqui ao entrarmos com o carro pagamos €5, dinheiro este que é usado para a preservação da mesma!! Foi-nos entregue um “papelinho” que deu direito a um mapa da zona com os trilhos e pontos de interesse, recolhido posteriormente no Posto de Informação. Se entrar a pé ou de bicicleta, não paga nada, pois a entrada é gratuita!! Entramos e passados uns metros a primeira coisa que vemos é o Palácio, o cartão de visita inicial da Mata e logo por aqui estacionamos!
Depois de pesquisar um pouco sobre o local, percebi que o nome é escrito de duas maneiras… Buçaco e Bussaco… ao que parece ambos os nomes estão correctos, sendo o mais antigo Buçaco e como para mim manda a tradição e o que é original, Buçaco será!! É tipo o acordo ortográfico, que pessoalmente… ignoro completamente!
Existem vários sítios para estacionar, o Posto de Informação (com loja de souvenirs) e Wc são mesmo ali, tal como uma cafeteria com esplanada, o Convento de Santa Cruz e os Jardins do Palácio!
Palace Hotel do Buçaco:

Localizado na imensa floresta de 105 hectares, plantada e murada pela Ordem dos Carmelitas Descalços, com espécies vegetais do mundo inteiro, fontes, capelas, ermidas, lagos, miradouros e vários trilhos sinalizados para passeios pedestres, é desde 1917, considerado um dos mais belos, românticos e históricos hotéis do mundo! Construído a partir de 1885 de estilo neomanuelino, para os últimos reis de Portugal!
Sendo um hotel privado, a entrada turística não é permitida, a não ser que queira dormir num palácio e reserve um dos seus quartos!!
Convento de Santa Cruz do Buçaco:

A primeira visita foi ao Convento, a entrada tem um custo de €2 por pessoa e apesar de o espaço ser pequeno, vale a pena a visita pois o preço é simbólico e faz parte da nossa história! E não esquecer de umas escadas em caracol, que existem por ali, numa porta perdida, para apreciar o Jardim Novo de um ponto mais alto!!
Em 1628, o bispo de Coimbra, doa à Ordem dos Carmelitas Descalços a “Deveza do Buçaco”, onde estes religiosos construíram o seu “Deserto”. As obras de construção tiveram início em 1628 e segundo o historiador Paulo Varela Gomes, o modelo arquitectónico consistia na representação da cidade de Jerusalém.
O uso da cortiça é bem notável por todo o edifício durante a visita!
Outra curiosidade, foi que em 1810, a Mata do Buçaco foi palco da “Batalha do Buçaco“, na 3ª invasão Francesa em Portugal, tendo o Convento servido de base de operações ao General Wellesley, comandante das tropas luso-britânicas no confronto com os franceses.
Ai Napoleão… Napoleão… 😦
Jardim Novo:

Envolve o Palácio e o Convento, sendo a maior área ajardinada da Mata, construída tal como a Cascata de Santa Teresa em 1886-87. O jardim está bem cuidado e cheio de surpresas agradáveis, tem vários bancos espalhados, esculturas feitas em troncos de madeira, pequenos lagos e recantos que o envolvem!!
Trilhos do Buçaco:
Existem 4 trilhos na Mata, que podem ser feitos com guia ou então livremente!
- Trilho da Floresta Relíquia: localiza-se no extremo sudoeste da Mata, na zona mais elevada, com bastante declive e pedregosa. Um bosque único, de copado denso onde predominam o aderno, medronheiro, loureiro, azevinho, sobreiro e pinheiro manso.
- Trilho da Água: abundante em água subterrânea e superficial, as várias nascentes e linhas de água comportaram várias intervenções, tal como construções de lagos e fontes, sendo a mais conhecida como Fonte Fria, onde as duas linhas de água predominantes da Mata se unem! Pontos de interesse do trilho: Fonte Fria; Vale dos Fetos; Fonte do Carregal; Fonte de Santa Teresa; Fonte de Santo Elias; Fonte de São Silvestre; Samaritana e Cascata. Este é o trilho mais conhecido.
- Trilho da Via Sacra: a partir de 1644, ergue-se à imagem de Jerusalém uma Via Crucis, representando os Passos da Paixão de Cristo. Inicialmente assinalados por uma cruz de pau-brasil que foram posteriormente substituídas por capelas! Pontos de interesse do trilho: Capelas dos Passos da Prisão e da Paixão de Cristo.
- Trilho Militar: a Batalha do Buçaco (1810/1811) que aqui decorreu, foi um exemplo de táctica defensiva em contexto militar. A batalha sangrenta retardou a chegada do exército francês a Lisboa, com a derrota das brigadas do Marechal André Masséna. Pontos de interesse do trilho: Convento de Santa Cruz do Buçaco; Porta de Sula; Moinho de Sula; Obelisco e Museu Militar.
Estes trilhos podem ser orientados com monitores da Fundação da Mata, são visitas organizadas para grupos mediante um custo e marcação dos mesmos.

É claro que nós fomos por conta própria, à aventura… e apesar de haver sinalização, é um bocado confuso, mas vale bem o passeio!! O trilho escolhido foi, o da Água e muito sinceramente acho que fizemos uma fusão de trilhos e deixamo-nos ir floresta dentro!!
E o primeiro ponto de interesse era encontrar a Fonte Fria e lá fomos, saímos do Posto de Informação, seguimos duas setas a indicar a fonte e foi sempre a descer, entre alguns degraus de pedras irregulares, caminhos de terra com árvores caídas, edifícios degradados e muita vegetação… até que começamos a ouvir a água a correr e percebemos que estávamos no caminho certo!! Encontramos a Fonte Fria, uma construção bem grande e com muita beleza!! Fomos descendo os seus inúmeros degraus com várias paragens e mais abaixo da fonte existe um lago com gansos e um pequeno trilho, que seguindo a linha da água, nos levou até ao Lago Grande!!

Esta é uma zona de bastantes fetos, mas agora confirmar que estivemos no Vale dos Fetos, muito sinceramente… não temos certezas… A Mata tem muitas árvores de pequeno e grande porte caídas, está com pouca manutenção e um pouco abandonada… o que é de lamentar, porque realmente com mais cuidados, a beleza do lugar seria ainda maior!!
Na Fonte Fria, existem várias mesas e bancos para relaxar ou mesmo lanchar e Wc.

Voltámos à Fonte Fria depois de ir ao Lago Grande e seguimos as setas que indicavam as Portas de Coimbra… e lá fomos… mais uma vez caminhando pela natureza, na incerteza se estaríamos no percurso certo, mas sempre com confiança que chegaríamos a bom porto!! E foi então que descobrimos as Portas de Coimbra, construídas em 1630, com um excelente miradouro e que fazem parte da Floresta Relíquia! Por aqui também se encontram as Casas do Buçaco, antigas casas de guardas florestais que foram recuperadas e transformadas em alojamento local!

Depois das Portas de Coimbra, continuamos a nossa caminhada e entre capelas e cruzeiros, chegamos ao ponto inicial da caminhada, a zona do Palácio. Fomos novamente até ao Jardim Novo e por ali ficamos algum tempo a apreciar todos os recantos que o envolvem!!
Estava então na hora do regresso a casa, e como ainda havia sol, decidimos fazer um pequeno desvio da nossa rota e ir ver o pôr do sol a Miramar!
Infelizmente, quando lá chegamos o sol já tinha desaparecido, mas a luz no horizonte era incrível e vale sempre a pena ir ver o mar, seja de Inverno ou Verão!! Ainda mais com a presença da Capela do Senhor da Pedra, erguida sobre um rochedo junto ao mar em 1686, que torna o local tão especial!!
E foi assim, que conheci mais um “cantinho” do nosso Portugal que é sem dúvida um país com um património imenso e recheado de história!! Temos cerca de 300 dias de sol por ano… por isso, não é só no tempo quente que podemos fazer passeios ao ar livre! O Inverno presenteia-nos com uma paleta de cores mágicas!!
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Até Já!! 😉