Trilho: PR14 – Aldeia Mágica
Integrada no Geoparque de Arouca, Drave, conhecida como a Aldeia Mágica está “escondida” entre serras: Serra da Freita; Serra de São Macário e Serra da Arada! Uma aldeia isolada e desabitada em que a única forma de lá chegar é a pé e a sua aldeia vizinha é Regoufe a pouco mais de 4km de distância, onde começa a aventura com boa sinalização, sendo o percurso designado por: PR14 – Aldeia Mágica!
O dia estava bem cinzento e nublado e por isso a indecisão instalou-se, seria ou não um bom dia para fazer o trilho no meio da serra!?… Saímos de casa por volta das 11h00 e até Regoufe foram cerca de 70 km… E muito sinceramente o tempo nublado e mais fresco, foi uma bênção, porque só de imaginar este trilho com sol e temperaturas altas, não deve ser nada fácil, não existem sombras e o caminho exige bastante de nós!!

Ao chegar à aldeia, estacionamos o carro mesmo no seu início, antes do restaurante e do café da Montanha, mais conhecido pelo café da Dona Ilda! Fizemos um pequeno lanche ainda no carro, descemos a rua, tomámos café na Dona Ilda e pusemos pés ao caminho!! O percurso está muito bem sinalizado, o caminho é o mesmo para ir e voltar, pois é um percurso linear e as placas acompanham-no sempre!

Apesar de o destino ser Drave, Regoufe surpreende pela positiva, uma pequena aldeia rural, onde encontramos mais animais na rua do que pessoas e onde a paz e tranquilidade do local nos leva de volta à infância, quando os nossos avós e bisavós criavam gado e trabalhavam no campo e a vida parecia ser tão simples mas feliz!!

Ao sair do café, começamos a descer a aldeia e a sinalização sempre presente leva-nos até à sua ribeira! Uma descida bem acentuada pelas ruelas de Regoufe com encontros bem simpáticos! Depois de atravessar a ribeira, começa uma longa subida num piso de cascalho, com muita pedra e muita inclinação!!

Passados poucos minutos após esta subida, vamos ao encontro de uma paisagem magnífica, de cortar a respiração… a imensidão e o silêncio das Garras da Arada! Uauu!!
Após vários minutos de paragem a admirar a magia deste lugar, continuamos a caminhada pela natureza única, grandiosa e silenciosa que nos relembra sempre da beleza do nosso Portugal e dos seus lugares encantados!

E cada vez mais perto do nosso destino, ao longe começamos a avistar a Aldeia Mágica e percebemos o porquê de estar desabitada, os acessos são mesmo limitados e só caminhando se chega até lá!
Sendo um destino cada vez mais cobiçado, e vivendo nós em tempos de pandemia, o ar livre tem sido a opção da maioria para sair de casa, (e muito bem!!), é evidente que não éramos as únicas pessoas em Drave, mas não é por isso que a aldeia perde a sua magia.

Fizemos um pequeno e rápido reconhecimento à aldeia e fomos à procura de um lugar calmo e tranquilo para fazer o piquenique e relaxar um pouco! Encontramos um espaço verde com árvores e água corrente muito agradável para sentar (no chão, claro!…) e comer!

Percebemos que várias pessoas por ali passavam, e apesar do caminho acabar, elas desciam à pequena ribeira, atravessavam e desapareciam… então, depois do descanso e reforço das energias, lá fomos ver o que nos aguardava!!

O barulho da água a correr, a cada passo que dávamos era maior, até que nos deparamos com uma paisagem maravilhosa! Várias lagoas, formadas por uma queda de água! Aqui encontramos um grupo com guia, e apesar do receio de subir ao topo da cascata pelas rochas, pois estávamos de sapatinhas e não de calçado para montanhismo… o guia, super simpático aconselhou a subida e afirmou que era mais fácil e seguro do que parecia… e lá fomos e felizmente, graças a este guia simpático que nos incentivou a subir aquelas rochas, tivemos o prazer de apreciar as lagoas lá no topo com uma perspectiva muito diferente caso não tivéssemos arriscado na subida!!
Apesar das águas límpidas das lagoas, não fomos a banhos pois a temperatura não convidava muito, mas se o tempo estivesse um pouco mais quente, a conversa era outra… vale mesmo a pena levar o bikini e talvez uns sapatos de água e dar uns mergulhos!!
Após o deslumbramento deste lugar, voltamos ao coração da aldeia e por ali passeamos e apreciamos os cantos e recantos de Drave!
E apesar de muitos dizerem que é uma aldeia abandonada, não é… é sim uma aldeia desabitada, onde pouco a pouco, os escuteiros vão restaurando alguns dos edifícios e conservando a beleza do local! Desde 2001 o CNE (Centro Nacional de Escutas), começou os seus trabalhos de reconstrução e em 2003 instalou aqui, uma das suas bases, BNIV – Base Nacional da IV – Drave Scout Center.

A padroeira de Drave, é a Nossa Senhora da Saúde, e como tal, a santa é celebrada no dia 15 de Agosto onde dezenas de pessoas fazem o percurso até à aldeia, com direito a procissão, missa na Capela da Nossa Srª da Saúde, destacando-se por ser a única construção de cor branca, seguida de um piquenique!
Depois de explorar a Aldeia Mágica, estava na hora de regressar ao ponto de partida, a aldeia de Regoufe e voltar a casa!
Outro ponto interessante, em Regoufe, é a “Mina de Regoufe” ou “Poço da Cadela”. A poucas centenas de metros da aldeia, o estado de abandono e destruição das minas são acompanhadas por uma tranquilidade e silêncio estranhos com a eventual presença de rebanhos de cabras e da natureza que as envolve! Foi em 1914, com capitais e administração britânica, conhecida como a “Companhia Inglesa”, que se deve a exploração destas minas, não por necessidade da matéria-prima mas para impedir a exploração aos alemães.
E foi assim, mais um passeio cheio de magia, silêncio, tranquilidade, ao ar livre e rodeado pela natureza que o nosso Portugal nos oferece!
Dicas:
E para que possamos desfrutar daquilo que o país nos oferece, não é por estarmos ao ar livre que vamos desrespeitar estes espaços que tanta tranquilidade nos dão e que tanto apreciamos, por isso como em tudo na vida, existem regras a cumprir, que nada mais nada menos demonstram apenas a nossa educação e o nosso respeito pela Natureza e pelo próximo, por isso deixo aqui algumas dicas que para além de simples, são de “ouro”!!:
- Na Natureza nada se tira além de fotos!! Por isso, não colha flores porque sim ou qualquer coisa do género, se passar por algum animal, seja insecto ou rastejante, deixe-o seguir o seu percurso, porque afinal ele é que está no seu habitat!! 😉
- Na Natureza nada se deixa além de pegadas!! Por isso, leve um saco para trazer o lixo que faz, porque já basta o que os inconscientes e sem respeito deixam para trás… e infelizmente, já não é pouco… 😦
- Na Natureza nada se leva além de lembranças!! Por isso, não traga nada, apenas muitas fotografias e crie boas memórias para mais tarde recordar!! 😉
Indo de BTT 🚲 a aldeia ainda se torna mais mágica.
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Só mesmo para os resistentes com “boas rodas”! 😁🚴💪
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