Trilho: “Onde o morto matou o vivo”

O destino foi em direcção às Montanhas Mágicas e sendo Primavera, o cenário mais parecia uma tela pintada com as cores mais belas da Natureza! E apesar de a meteorologia ameaçar com um dia cinzento, frio e chuvoso, o criador desta tela colorida presenteou-nos com um dia de sol deslumbrante que nos permitiu contemplar esta obra de arte no seu apogeu!

O itinerário prometia um dia preenchido na Serra (Monte) de São Macário! Começando pela magnífica serra que só por si vale a deslocação, pelas suas paisagens de “cortar o fôlego”, o Maciço da Gralheira e o Portal do Inferno! As aldeias serranas de Covas do Rio, Covas do Monte e a tão conhecida e visitada Aldeia da Pena, percorrendo o inesquecível caminho da sua famosa lenda “Onde o morto matou o vivo…”

É óbvio que não me aventurei sozinha nesta caminhada, nem sequer fiz roteiros! Tenho muito respeito pela Natureza e “desnorteada” como sou, certamente que me perderia na imensa serra… Fui a convite de um amigo que tem uma empresa dedicada a estas aventuras e muitas outras!

A AnimaSports é uma empresa de Organização de Eventos, Desporto e Aventura, criada e gerida por dois professores de Educação Física direcionada para o Desporto de Aventura, Recreação e Lazer; organização de eventos e viagens! As suas actividades foram reconhecidas como, Turismo da Natureza, autenticadas pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade!

O ponto de encontro foi em Arouca e daí seguimos em direcção às “Montanhas Mágicas” pelas suas estradas serranas até chegar à Aldeia de Covas do Rio, local onde deixamos os carros para começar a acrescentar os quilómetros nas botas!! 🙂

E há muito para dizer sobre estas aldeias, entre histórias e lendas, mas há muito mais para sentir e estar atento à tranquilidade, simplicidade e boa disposição das suas gentes, ao barulho dos animais descontraídos nos seus pastos e aos pormenores que vamos encontrando aqui e ali, percorrendo as suas ruas com as casas maioritariamente construídas em xisto e com telhados de lousa e um ou outro espigueiro!

Ao deixar para trás Covas do Rio, a natureza intensifica e o verde da vegetação aumenta a cada passo que damos, cruzando com riachos, quedas de água, ovelhas e cabras e muitas espécies de flora!

O percurso nem sempre é fácil, mais vai-se fazendo tranquilamente e com algumas paragens para recuperar o fôlego e hidratar e sempre com muita admiração, satisfação e respeito pela imponência da Mãe Natureza! A imensidão e as cores das montanhas… jamais irei esquecer!

O destino levou-nos à próxima aldeia, Covas do Monte! Aqui a paragem foi mais longa, era hora de almoço e o dia já ia a meio! Bem no sopé da montanha a 450 metros de altitude, a paisagem é verdejante e o ar que se respira é do mais puro!

No fim do almoço, ainda a relaxar os músculos, algo de maravilhoso aconteceu! Um rapaz com os seus 12 anos, talvez… passou pelo grupo, muito descontraído, mas com vontade de conversar! Então cumprimentou-nos e direcionou a sua conversa para mim… entre as várias perguntas que me fez e as histórias que contou sobre a sua família e a sua aldeia, muito seriamente me questionou sobre o que fazíamos com o lixo produzido durante a caminhada! E eu prontamente lhe respondi, que cada um de nós levava um “saquinho” de plástico e que o lixo feito por cada caminhante era levado e colocado nos seu devido lugar… e ele ficou feliz com a resposta, pois afirmou que diariamente tira demasiado lixo do rio feito pelas pessoas que por ali andam a passear! Este menino-homem com um discurso muito pausado e assertivo, que vive numa aldeia em que só existem duas crianças, ele e o irmão, encheu-me o coração, a mim e aos que ouviram a conversa! Porque tal como ele disse, agora é só tecnologias e eles ali não precisam delas!!

A aventura continuou, o destino foi a Aldeia da Pena e mais uma vez percorremos por sítios incríveis com paisagens encantadoras! A aldeia pitoresca é mais um cenário que encaixa perfeitamente na natureza, com as suas casas de xisto e todo o seu ambiente tranquilo e rural! Depois da Pena e já na recta final, o ponto de partida, foi também o ponto do regresso, a Aldeia de Covas do Rio.

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Era então hora de percorrer o lendário caminho “Onde o morto matou o vivo”! Sem qualquer dúvida, é desafiante e um bocado assustador… Conta a lenda que noutros tempos em que não existia cemitério na aldeia, os mortos eram levados para a aldeia vizinha, Covas do Rio e numa das passagens até ao destino final, numa descida bastante íngreme, rochosa e escorregadia, um dos homens que ia na frente, a carregar o morto, escorregou e caiu e então o “caixão” (conhecido como, padiola de madeira) caiu sobre ele e foi fatal…

Felizmente e com todos os cuidados e atenções redobradas de quem nos guiava no caminho, tudo correu bem! Foram, supostamente, 15 km de caminhada, que no fim das contas do dia inteiro, desde o momento em que sai de casa até o regresso, a minha App das caminhadas contava com mais de 18 km!!

Um dia em cheio, em que realmente só com bons conhecedores do terreno é possível, para que seja seguro mas ao mesmo tempo descontraído e diferente!

Obrigada à AnimaSports por este dia fantástico em que as cores primaveris da serra e toda a natureza, incluindo o caminho do “Morto que matou o vivo”, são momentos que vão, sem dúvida, ficar registados na “caixinha das memórias” por muito tempo! E claro, a vossa boa disposição faz com que o dia seja ainda melhor!!

Para os interessados em Trekking, entre outras actividades, é só espreitar o site da AnimaSports!

MUITO IMPORTANTE:

E para que possamos desfrutar daquilo que o país nos oferece, não é por estarmos ao ar livre que vamos desrespeitar estes espaços que tanta tranquilidade nos dão e que tanto apreciamos, por isso como em tudo na vida, existem regras a cumprir, que nada mais nada menos demonstram apenas a nossa educação e o nosso respeito pela Natureza e pelo próximo, por isso deixo aqui algumas dicas que para além de simples, são de “ouro”!!:

• Na Natureza nada se tira, além de fotos!
• Na Natureza nada se deixa, além de pegadas!
• Na Natureza nada se leva, além de memórias!

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Até já! 😉